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      • Desenvolvimento da sexualidade no adolescente

      Desenvolvimento da sexualidade no adolescente

      • Postado por Marcelo Meirelles
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      De todos os aspectos que constituem o desenvolvimento do adolescente, o tema desenvolvimento da sexualidade tem sido considerado como um dos mais difíceis de lidar por pais e profissionais. Isto porque, quando se aborda sexualidade, são envolvidos também valores, tabus, preconceitos, dificuldades pessoais, além de informações inadequadas ou insuficientes.

      Apesar da preocupação da maior parte dos educadores e familiares direcionar-se para os componentes biológicos e comportamentos de risco, não se pode restringir o tema sexualidade a estas questões. Este tipo de abordagem não responde às necessidades do adolescente, na medida em que exclui pontos essenciais como afetividade e prazer.

      Desta maneira, é imprescindível que os diferentes profissionais que prestam assistência à saúde dos adolescentes estejam familiarizados com as peculiaridades da sexualidade nesta faixa etária. Entendida como parte do processo evolutivo do desenvolvimento do ser humano, a sexualidade deve ser enfocada como um dos aspectos fundamentais do desenvolvimento psicossocial na adolescência.

      Assim sendo, tanto quando se considera o desenvolvimento dividido por idade, como quando se analisa o mesmo sob a óptica de uma síndrome bem definida, um ponto em comum é o fato de a sexualidade ter um papel tão relevante. O desenvolvimento da sexualidade, portanto, está intimamente ligado ao desenvolvimento integral do indivíduo.

      Da maneira como cada ser humano aprende a relacionar-se consigo mesmo e com os outros e alcança um equilíbrio emocional que lhe permita manifestar seus sentimentos, dar e receber afeto dependerá em grande parte do exercício harmonioso de sua sexualidade. Este processo inicia-se na infância e consolida-se na adolescência, para que possa ser vivenciado em plenitude na idade adulta.

      Desenvolvimento da sexualidade no adolescente

      Desenvolvimento da sexualidade

      De acordo com Freud, a sexualidade pode ser entendida como uma carga energética que se distribui pelo corpo de maneiras distintas, conforme a idade:
      – fase oral: no primeiro ano de vida, na boca;
      – fase anal: de 18 meses até 3-4 anos, na região anal e perineal;
      – fase genital infantil: dos 3 aos 5-6 anos, nos genitais;
      – fase de latência: dos 6-7 anos até a puberdade, na atividade muscular e intelectual.
      – fase genital adulta: na pré-adolescência, o sexo biológico, baseado em cromossomos, gônadas e hormônios já está determinado e a identidade de gênero, ou senso de masculinidade e feminilidade, está estabelecida; com o início da puberdade, a energia sexual polarizada até então para regiões definidas, passa a se transformar juntamente com as mudanças físicas, caracterizando a etapa genital adulta.

      A adolescência inicial distingue-se pelo aparecimento dos caracteres sexuais secundários, pela curiosidade acerca dessas mudanças e pelas fantasias sexuais, que são comuns e que podem vir acompanhadas de sentimento de culpa. A prática masturbatória começa neste período e os jovens envolvem-se em muitas atividades não genitalizadas, como falar ao telefone ou bater papo na Internet com seus amigos.

      Na adolescência média, completa-se a maturação física e a menstruação inicia-se nas meninas. A energia sexual está mais desenvolvida e ocorre maior ênfase ao contato físico. O comportamento sexual é de natureza exploratória, as relações casuais com o corpo são comuns e a negação das consequências da atividade sexual é uma atitude típica.

      O término do crescimento físico e da maturação genital acontece na adolescência tardia, onde o comportamento sexual torna-se mais expressivo e menos explorador, com relações íntimas mais desenvolvidas.

      Desenvolvimento psicossexual na adolescência

      Autores como Blos e Erikson dividem a sexualidade na adolescência em quatro etapas (Isolamento, Incerteza, Abertura para a heterossexualidade, Consolidação), onde estão reunidas as características mais importantes do desenvolvimento psicossexual deste grupo.

      Isolamento

      – idade: 12-14 anos;
      – motivação: muitas modificações puberais;
      – manifestação: meninos tendem a buscar companhia do mesmo sexo, meninas procuram o sexo oposto; rejeição ao banho; linguagem obscena (palavrões); masturbação.

      Incerteza

      – idade: 14-15 anos;
      – motivação: domínio relativo sobre as mudanças corporais; procura de figuras de identificação não parentais;
      – manifestação: idealização; amigo íntimo; canalização da energia sexual através de contos, confidências; masturbação; experiências homossexuais.

      Abertura para a heterossexualidade

      – idade: 15-17 anos;
      – motivação: afirmação da identidade sexual; narcisismo;
      – manifestação: relações entre ambos os sexos, intensas, ambivalentes, com pouco compromisso, fugazes.

      Consolidação

      – idade: 17-19 anos;
      – motivação: identidade definida;
      – manifestação: maior estabilidade emocional; busca de objeto amoroso único; capacidade de troca (dar e receber).

      Aspectos do comportamento sexual na adolescência

      Alguns aspectos do comportamento sexual na adolescência merecem comentários à parte, pelas peculiaridades com que se apresentam.

      Masturbação

      A masturbação é definida como a procura solitária do prazer sexual, através da auto-estimulação. Embora a masturbação tenha sofrido uma série de recriminações morais e religiosas no decorrer dos tempos e de, ainda hoje, ser motivo de vários tabus, raramente sua prática na adolescência traz algum dano ao desenvolvimento normal. Essencialmente, a masturbação funciona para o adolescente como uma forma de autoconhecimento e busca de prazer.

      No início da adolescência a atividade masturbatória apresenta caráter basicamente explorador, sendo acompanhada de curiosidade, experimentação e avaliação do desempenho, principalmente no sexo masculino. Na medida em que vai ocorrendo o amadurecimento, a masturbação passa a se direcionar para a busca do orgasmo, com o objetivo de saciar a necessidade sexual.

      A frequência da prática masturbatória é alta nos meninos e bem maior nestes do que nas meninas. Apesar de se saber que a normalidade não é medida numericamente, é importante ficar atento para aqueles casos onde a frequência é muito grande. Em algumas situações, o jovem pode estar tentando compensar frustrações ou descarregar tensões através da masturbação. Portanto, diante de uma queixa desse tipo, é necessário que se verifique se está havendo interferência nas condições habituais de vida.

      Devem ser discutidas com o adolescente suas atividades, perspectivas, relacionamentos e a inadequação da realização desta prática de forma compulsiva, na medida em que ela não modifica as situações frustrantes, que deveriam ser resolvidas de outra maneira.

      Outros aspectos a serem considerados dizem respeito, no caso das meninas, à utilização de objetos masturbatórios na vagina e, em ambos os sexos, a questão da privacidade, condição a ser respeitada tanto pelo adolescente, como por seus familiares.

      Polução noturna

      Polução noturna é uma ejaculação involuntária que ocorre durante o sono. É vista como um meio natural de eliminação do excesso de sêmen pelo organismo. Quem se masturba ou tem uma vida sexual ativa apresenta diminuição na frequência desse tipo de ejaculação.

      Este processo seria decorrente de um estímulo cerebral para sonhos eróticos que levariam ao orgasmo – daí a denominação popular de “sonhos molhados”.

      Apesar de se tratar de uma particularidade fisiológica, esta ejaculação noturna involuntária às vezes causa constrangimento ao adolescente, que deve ser tranquilizado quanto a sua normalidade.

      Jogos sexuais

      Na segunda etapa do desenvolvimento, quando existe uma tendência maior ao contato físico e o comportamento ainda é basicamente explorador, podem surgir atividades sexuais entre adolescentes do mesmo sexo. É a chamada fase pubertária homossexual do desenvolvimento.

      Quando descoberto pelos adultos, costuma gerar dúvidas e preocupações quanto a uma possível identificação homossexual na vida adulta. Segundo Tiba, este tipo de prática está mais relacionada ao treino do papel do que à busca da satisfação sexual. Nestas situações, o adolescente visualiza o outro como um espelho.

      A possibilidade de dano só é real quando existe diferença de idade ou de fase de desenvolvimento entre os participantes ou quando, por pressão do grupo ou por vontade
      própria, o jovem passa a ser sempre o passivo.

      Portanto, a ocorrência de eventuais relações entre indivíduos do mesmo sexo no início da adolescência não significa necessariamente orientação homossexual.

      O “ficar”

      O “ficar” é definido como o namoro corporal sem compromisso social. Pode incluir carícias, beijos, abraços, toques e até relação sexual, sendo que, na maioria das situações, o grau de intimidade depende do consentimento da menina.

      Como aspecto positivo, identifica-se a descoberta da sexualidade ocorrendo entre jovens da mesma faixa etária. O que preocupa é o fato do “ficar” iniciar-se exatamente na fase exploratória do desenvolvimento, onde, além da ausência de compromisso, a onipotência, a negação e os comportamentos de risco são aspectos característicos.

      Atividade sexual

      Quanto ao início, a primeira relação sexual tem ocorrido cada vez mais precocemente. A idade média situa-se entre 15 e 16 anos, com uma tendência a acontecer mais cedo entre os adolescentes de classes sociais menos favorecidas.

      Existem algumas condições consideradas como necessárias para que a experiência sexual seja enriquecedora:
      – o indivíduo deve estar informado a respeito dos aspectos biológicos e preventivos da sexualidade;
      – deve ser capaz de lidar com eventuais pressões familiares, sociais e com o aprofundamento da relação;
      – deve estar apto a exercer essa atividade de maneira agradável para ambos, livre de culpa e consciente – ou seja, não induzida pelo medo de perder o outro ou pela incapacidade de dizer não.

      Fatores que interferem na sexualidade do adolescente

      Várias questões se colocam quando se discute sexualidade na adolescência: maturidade física precoce; senso de indestrutibilidade; postura da família; visões opostas e muitas vezes contraditórias da sociedade sobre o tema; pressão do grupo; influência da mídia.

      Impulsionados por seus pares, pelos meios de comunicação e por sensações, como curiosidade, desejo, necessidade de afeto ou de independência, os adolescentes frequentemente agem por impulso e envolvem-se em atividades sexuais sem estarem emocionalmente preparados.

      Meios de comunicação

      Neste sentido, vale a pena salientar o papel dos meios de comunicação, particularmente da televisão. Os jovens têm recebido um alto conteúdo sexual nas programações e propagandas veiculadas pela TV, através de mensagens que valorizam o sensacionalismo, a erotização, as relações casuais, estabelecendo-se uma relação direta com características do comportamento adolescente: tendência grupal, onipotência, atemporalidade e pensamento mágico.

      Nas novelas e seriados, a maioria dos atores são jovens e belos, mudam constantemente de parceiros, não usam métodos contraceptivos nem de proteção contra DST e, mesmo assim, não se contaminam, não engravidam e os finais são sempre felizes. Essa imagem irreal do comportamento sexual aliado ao despreparo do adolescente pode resultar em uma barreira para desenvolver atitudes e valores saudáveis a respeito do sexo.

      Escola e Família

      No entanto, é preciso deixar claro que este espaço ocupado pela mídia ampliou-se porque, além da sociedade ter se tornado mais permissiva, durante muito tempo fontes primárias de informação, como escola e família, adotaram uma postura omissa no que diz respeito à educação sexual. Por este motivo, é primordial que os pais assumam o seu papel formador e preparem-se para educar seus filhos, e que as escolas complementem as informações transmitidas.

      Na realização desta tarefa, tanto familiares quanto educadores devem enfatizar não apenas os comportamentos de risco, mas também, prazer, afetividade, envolvimento, responsabilidade, como possibilidade efetiva de preservar a saúde física e emocional do adolescente e de seus pares.

      Segundo Saito, a educação deve ser entendida como um processo através do qual o jovem recebe ajuda pela informação e onde ele deve ser estimulado a pensar e a fazer escolhas. Na transmissão destes conhecimentos, não se pode esquecer o grupo, principal referência para o adolescente. Os jovens devem ser envolvidos no processo e incentivados a se tornarem agentes multiplicadores, uma vez que são eles a mais importante fonte de informação para seus companheiros.

      Profissionais de saúde

      Quanto aos profissionais de saúde, sua atuação pode ser extremamente ampla, estendendo-se do apoio aos adolescentes ao suporte familiar e ao fornecimento de subsídios para os educadores. Para isso, é necessário que, além de conteúdo, estes profissionais sejam sensíveis aos múltiplos aspectos correlacionados à sexualidade e adotem uma postura adequada em relação ao adolescente.

      A atitude do médico deverá ser baseada no conhecimento, pautada pelo acolhimento, pelos valores de saúde e pela possibilidade de troca, de aprender com o outro.

      Bibliografia

      01. SÃO PAULO. Secretaria da Saúde. Coordenação do Desenvolvimento de Programas e Políticas de Saúde – COODEPPS. Manual de Atenção à Saúde do Adolescente. São Paulo: SMS, 2006. 328p.


      • Marcelo Meirelles
      – Médico Pediatra
      – Especialista em Hebiatria (Medicina do Adolescente)


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