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      História da Medicina de Adolescentes

      • Postado por Marcelo Meirelles
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      O nascimento da medicina de adolescentes

      A medicina de adolescentes se originou, primordialmente, do interesse de um grupo de médicos atuantes em escolas para rapazes na Inglaterra. Em 1884 se constitui a Medical Officers of Schools Association, primeira entidade organizada com o objetivo de reunir médicos em escolas, para debater assuntos e trocar experiência a respeito de regras e condutas ideais para um bom atendimento clínico aos jovens estudantes.

      História da Medicina de Adolescentes

      Deusa Hebe: deusa da juventude na mitologia grega.

      A partir de então, alguns temas – por exemplo, crescimento, desenvolvimento e questões relacionadas aos distúrbios de aprendizagem, como a dislexia − foram investigados, e os resultados, publicados em revistas médicas inglesas.

      Percebe-se nitidamente a emergência de questões vinculadas aos cuidados preventivos dirigidos aos jovens, de forma a minimizar os riscos de aquisição de doenças, prevenir acidentes e melhorar a qualidade do ambiente escolar, aspectos que constituíram a força motriz para a organização de uma área médica cujo objetivo é assistir e orientar, do ponto de vista clínico, o processo da adolescência.

      Após a Primeira Guerra Mundial, surgiram os primeiros serviços médicos para estudantes nas grandes universidades e escolas militares dos EUA. Com isso, assuntos como os cuidados de saúde e bem-estar foram se disseminando pelo país e se tornaram de interesse público.

      Ao longo da década de 1930, universidades norte-americanas como Yale e Harvard organizaram serviços de saúde para o atendimento de seus estudantes, o que levou a um melhor conhecimento a respeito dos adolescentes, de seus processos normais fisiológicos e psicológicos, e ao reconhecimento de suas diferenças em relação à criança e ao adulto, possibilitando, ademais, a melhoria dos cuidados e da prevenção de doenças.

      Primeiras publicações

      As primeiras publicações de peso sobre a adolescência remontam ao início do século XX, a partir do clássico tratado de G. Stanley Hall, de 1904, “Adolescência: sua psicologia e sua relação com a fisiologia, sociologia, sexo, crime, religião e educação”, que influenciou uma geração de profissionais, marcou os estudos sobre a adolescência e, de certa forma, legitimou esse campo de estudo e atenção.

      Em 1918 foi publicado o primeiro artigo científico médico sobre o adolescente: “O trabalho da Clínica de Adolescentes da Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford”, no qual a autora (Amélia Gates) já apresenta, além dos problemas médicos atribuídos aos adolescentes, muitos dos princípios das atuais propostas de medicina de adolescentes.

      As primeiras equipes científicas destinadas a estudar alguns problemas biológicos da adolescência (desenvolvimento, nutrição e endocrinologia da puberdade) foram formadas nas décadas de 1920 e 1930, sendo o grupo mais antigo o da Unidade de Estudos de Adolescentes da Universidade de Yale, integrado por anatomistas, fisiologistas, químicos, biólogos, pediatras e psicólogos. Cabe lembrar que muitas vezes tais investigações eram extensões de estudos iniciados com crianças.

      Em 1942, em Viena, Greulich et al. publicaram um trabalho fundamental, Estudos somáticos e endocrinológicos do rapaz púbere, no qual se estabeleceram os níveis de maturação sexual, cuja sistematização, elaborada por Tanner, permitiu a existência de uma linguagem comum a pediatras, ginecologistas, endocrinologistas e clínicos gerais com relação ao desenvolvimento sexual.

      Gallagher, Alderman, Rieder e Cohen e outros autores norte-americanos, ao analisar o contexto histórico-cultural no qual se organizaram os primeiros serviços de medicina de adolescentes do início do século XX, referem-se à emergência de problemas sociais como a violência juvenil, o desemprego e as desigualdades econômicas, nos EUA e em outros países, como fatores associados à problemática de saúde do adolescente.

      Assim, questões como morbidade e mortalidade juvenis passaram a ser alvo de estudo e debate naquele momento: o impacto de novos comportamentos entre adolescentes, como o tabagismo; a discussão sobre sexualidade; violência; lesões causadas por esporte; avanços tecnológicos em relação à contracepção; doenças crônicas; saúde mental e psicofarmacologia na adolescência. Tudo isso contribuiu para a formação de uma nova especialidade clínica.

      Em 1938 a Academia Americana de Pediatria incluiu, pela primeira vez, o termo adolescência em seus programas, e em 1951 houve a formação da primeira Unidade de Adolescentes nos Estados Unidos, no Boston Children’s Hospital, sob o comando do médico J. Roswell Gallagher, que publicou, em 1960, o livro “A atenção médica ao adolescente”, o primeiro compêndio sobre medicina de adolescentes.

      Estabeleceu-se em 1968 a Society for Adolescent Medicine (SAM), cujo objetivo era incrementar a atenção médica para adolescentes e jovens. A atividade dos membros da SAM, como a de seus vários comitês, proporcionou a publicação regular de um boletim informativo, que deu origem, em 1980, ao Journal of Adolescent Health Care. A partir de então, outras revistas especializadas foram surgindo, como Adolescence, International Journal of Adolescent Medicine and Health, The Journal of Adolescent Research, The Journal of Pediatrics and Adolescent Gynecology.

      Medicina de adolescentes na América Latina

      Na América Latina, o serviço pioneiro de medicina de adolescentes foi fundado em 1958, em Buenos Aires, Argentina, sob a coordenação da médica Nydia Gomes Ferrarotti. Em seguida, surgiram outros: no Chile, sob a coordenação de Paula Pelaz, e o de Enrique Dulanto, no México, ambos em 1964.

      A medicina de adolescentes no Brasil

      Antes da década de 1970 não havia no Brasil médicos e serviços de saúde destinados especificamente para os adolescentes, embora, naturalmente, os médicos já atuassem, em clínicas particulares e nos serviços públicos, no atendimento de adolescentes. De acordo com a queixa ou problemática apresentada, o jovem podia dirigir-se a um clínico geral ou pediatra; adolescentes do sexo feminino consultavam-se com ginecologistas quando as questões referentes à saúde reprodutiva e sexual estavam em pauta, ficando, nesse âmbito, os do sexo masculino negligenciados pela assistência médica.

      Serviços universitários

      As propostas pioneiras voltadas especificamente para a medicina de adolescentes no Brasil apareceram em São Paulo e no Rio de Janeiro, no início da década de 1970, vinculadas a faculdades de medicina e hospitais universitários.

      Em fevereiro de 1974, o primeiro serviço de medicina de adolescentes foi implantado sob a supervisão de Anita Colli, na disciplina de Pediatria Preventiva e Social do Departamento de Pediatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

      Essa inserção valorizava aspectos preventivos que motivaram a atenção integral à saúde do adolescente. Em julho de 1974, Evelyn Eisenstein e Maria Helena Ruzany foram as responsáveis pela implantação da Unidade Clínica para Adolescentes no Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

      Em 1975 foi constituído o terceiro serviço brasileiro de medicina de adolescentes, a Clínica de Adolescência do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP), sob a coordenação de Verônica Coates.

      Médicos de todo o Brasil foram recebidos na Unidade de Adolescentes do Instituto da Criança do HC/FMUSP para estágios de médico observador e de complementação especializada, muitos dos quais foram responsáveis pela implantação de serviços de atendimento aos
      adolescentes em todo o país, como os de Goiânia, Vitória, Botucatu, Florianópolis, Marília, Taubaté, São José do Rio Preto, entre outros, ligados às universidades locais.

      A Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) contribuiu significativamente para a constituição do campo da saúde do adolescente no país, em especial por meio dos Departamentos de Tocoginecologia, Psiquiatria e Pediatria, que congregavam profissionais ativamente participantes da formação e divulgação do saber médico sobre o adolescente. Dentre eles, destaca-se Maurício Knobel, renomado psiquiatra e psicanalista formado em Buenos Aires, autor, em parceria com Arminda Aberastury, da obra Adolescência normal, lançada originalmente em 1973, marco da visão psicanalítica no entendimento da crise da adolescência.

      Organizações de saúde

      As organizações de saúde (Opas, OMS e Ministério da Saúde) também dialogaram com as instituições universitárias para estabelecer as diretrizes e normas dos programas de atendimento aos adolescentes no Brasil. Foi fruto dessa aproximação o Seminário Latinoamericano sobre a Saúde do Adolescente, organizado pela Opas e pelo Ministério da Saúde, no Rio de Janeiro em 1977.

      Em 1989 por meio da Divisão Materno-infantil, o Ministério da Saúde incluiu a assistência primária à saúde dos adolescentes em suas atribuições. Com esse intuito, foram elaborados programas de atendimento ao adolescente, fundamentados na política de promoção de saúde, identificação de grupos de risco, detecção precoce dos agravos, tratamento adequado e reabilitação.

      Também em 1989, foi criado o Programa de Saúde do Adolescente (Prosad), vinculado à Divisão Materno-infantil do Ministério da Saúde, coordenado por Rachel Niskier Sanchez. Seu objetivo era proporcionar acesso do adolescente ao sistema de saúde via atenção primária, com enfoque na promoção de saúde e prevenção de agravos, inserido na proposta hierarquizada do SUS e pautado na atenção integral por meio de abordagem multiprofissional.

      A partir de 1993, passou a ser denominado Serviço de Assistência à Saúde do Adolescente (Sasad). Nessa ocasião, editou-se a primeira publicação oficial do programa, Normas de atenção à saúde integral do adolescente, que estipulou as diretrizes gerais para o atendimento de adolescentes e contemplou assuntos do crescimento e desenvolvimento na adolescência, os distúrbios da puberdade e o desenvolvimento psicológico do adolescente.

      Sociedade Brasileira de Pediatria

      Outros serviços ligados a universidades, hospitais e centros de saúde da rede pública começaram a multiplicar-se pelo Brasil durante a década de 1980. Ao longo da trajetória da implantação dos serviços de atenção à saúde do adolescente, foram-se constituindo também os comitês científicos vinculados à Sociedade Brasileira de Pediatria, que mais tarde acabaram sendo substituídos por seus departamentos.

      Em 1985, na cidade de São Paulo, ocorreu o Primeiro Congresso Brasileiro de Adolescência. Esse congresso, presidido por Anita Colli, vice-presidido por Maria Helena Ruzany e secretariado por Maria Ignez Saito, representou um marco na trajetória da Medicina de Adolescentes no país, pelo reconhecimento da importância do assunto, sobretudo entre os pediatras.

      Até então, os cursos sobre adolescência eram ministrados durante os congressos de Pediatria. A partir desse primeiro evento, o modelo de atenção integral à saúde do adolescente ganhou destaque tanto no âmbito da Sociedade Brasileira de Pediatria (que inclui os congressos de adolescência em sua agenda de realizações até os dias de hoje, nos quais a prova para o Título de Habilitação em Medicina de Adolescentes é aplicada), quanto no panorama internacional de atenção à saúde dessa faixa etária, visto que em 2001, durante o Oitavo Congresso Brasileiro de Adolescência realizado na Bahia, o Brasil sediou o Sétimo Congresso Internacional de Adolescência.

      Associação Brasileira de Adolescência

      A Associação Brasileira de Adolescência (Asbra) foi fundada em 1989 por um grupo de profissionais interessados na saúde dos adolescentes, sendo Verônica Coates a primeira presidente eleita. A Asbra e suas regionais favoreceram a promoção, solidificação, normatização e regulação da prática profissional, o que, de certa forma, contribui para sua legitimação e seu reconhecimento, envolvendo também profissionais não médicos.

      Bibliografia

      01. QUEIROZ, Lígia Bruni et al. Aspectos históricos da institucionalização da atenção à saúde do adolescente no estado de São Paulo, 1970-1990. História, Ciências, Saúde − Manguinhos, Rio de Janeiro, v.20, n.1, jan.-mar. 2013, p.49-66.


      • Marcelo Meirelles
      – Médico Pediatra
      – Especialista em Hebiatria (Medicina do Adolescente)


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