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Ginecomastia Puberal




    1. Ginecomastia: Introdução

    A ginecomastia, problema que afeta a imagem corporal do adolescente, é definida como o crescimento do tecido glandular mamário no sexo masculino. Histologicamente, é uma proliferação benigna do tecido glandular da mama masculina. É um achado comum na puberdade e pode causar diversos problemas, afetando de diferentes formas a comunicação do adolescente com aqueles que o cercam.

    O diagnóstico preciso, o aconselhamento e o tratamento (se necessário) são essenciais para aliviar o sentimento de deformidade e de falta de atrativo sexual, frequentemente presente justo no momento em que se desenvolve a autoimagem.

    A princípio, o profissional que mais se depara com esta manifestação é o médico, mas é importante que todos aqueles que estiverem em contato com adolescentes estejam alertas para a ocorrência da ginecomastia. Pais, educadores, fisioterapeutas e professores de educação física nas diferentes modalidades esportivas, em clubes, academias, acampamentos, clínicas esportivas, devem estar familiarizados com essa possibilidade que, uma vez identificada, deve ser encaminhada para o serviço de saúde.

    Muitas vezes, o que se observa é a existência de uma prática de não se considerar a ginecomastia um problema, pensando sempre como sendo algo benigno em sua biologia, de evolução favorável para o desaparecimento, sem se levar em consideração, até por que o adolescente a esconde, o quanto esse problema pode marcar a vida do jovem.

    Na escola pode interferir no desempenho acadêmico. Na esfera sexual abrange como consequência o namoro, provocando sentimento de rejeição, que pode ser estimulado pelos elementos do grupo ou auto imposta pelo medo da reação das pessoas ao seu problema, que é sentido como deformidade. Outro aspecto é a interrupção dos esportes e de outras atividades.

    Determinar com sensibilidade o melhor momento de intervir é um ponto crucial para a otimização dos resultados estéticos, funcionais e psicológicos. Assim, impede-se que transcorra toda a puberdade sem que se interfira no problema e que as sequelas sejam para toda a vida.

    1.1. Tipos de ginecomastia

    A ginecomastia pode ser fisiológica, patológica ou idiopática.

    1.1.1. Ginecomastia fisiológica

    Ocorre por mudanças e influências hormonais transitórias no recém-nascido, na puberdade e no envelhecimento.

    a) Ginecomastia dos recém-nascidos: a ginecomastia é comum no período neonatal (60-90%). Ocorre pela passagem placentária de estrógeno materno, com rápida regressão espontânea nas primeiras semanas de vida. Tem sido sugerido que pacientes com ginecomastia neonatal protraída seriam mais suscetíveis a ginecomastia puberal persistente, dando suporte ao conceito de que o tecido mamário é inerentemente mais responsivo à estimulação estrogênica em alguns homens.

    b) Ginecomastia puberal: corresponde ao crescimento de tecido glandular nas mamas do homem no período de maturação sexu-al. Ocorre devido ao desequilíbrio hormonal na relação andrógenos/estrógenos.

    c) Ginecomastia senil: comum entre 50 e 80 anos na vida de um homem. Ocorre devido ao desequilíbrio hormonal na relação andrógenos/estrógenos.

    1.1.2. Ginecomastia patológica

    Deve ser feito diagnóstico diferencial daquelas que ocorrem devido à ingestão de drogas, tumores adrenais ou gonadais, hepatopatia, síndrome de Klinefelter e outras causas.

    A ginecomastia patológica pode ser causada por diminuição ou ausência de ação da testosterona, aumento da produção de estro-gênio ou aumento da conversão de androgênios em estrogênios.

    Pode ocorrer pelo uso de drogas, por endocrinopatias, tumores ou doenças crônicas. As medidas a tomar serão baseadas, portanto, na suspensão da droga em uso (com reversão do quadro) ou pelo tratamento da doença de base.

    Diagnóstico diferencial: ginecomastia puberal x patológica
    (Adaptado de Corrêa M. In: Coates, Beznos e Françoso. Medicina do Adolescente, Sarvier, 2003)
    PARÂMETROS PUBERAL PATOLÓGICA
    Idade Entre 10 e 18 anos Em qualquer idade
    Drogas causadoras Ausentes Presentes
    História familiar Ginecomastia transitória Presente ou ausente
    Início da puberdade Época normal Época normal, precoce ou após a ginecomastia
    Exame físico Estágios de G2 a G4 de Tanner Desenvolvimento puberal retardado ou incompleto
    Massa mamária Disco centrado subaerolar Massa dura, assimétrica, com ou sem linfoadenopatia regional

    1.1.3. Ginecomastia idiopática

    Alguns homens apresentam aumento da atividade da aromatase no interior dos fibroblastos, sugerindo que a aromatização dos androgênios dentro do tecido mamário poderia ser responsável por ginecomastia idiopática.

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