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Quando mudar do pediatra para o hebiatra?




    Como acontece a consulta com o adolescente?

    Tradicionalmente, a consulta com o adolescente deve acontecer em dois ou mais tempos, preferencialmente com a presença do jovem em todos eles.

    Muitos hebiatras preferem começar a consulta do adolescente com você e seu filho juntos. Nesta etapa da consulta serão feitas perguntas habituais e de rotina:
    • o motivo que trouxe vocês ao atendimento com o hebiatra;
    • histórico médico do adolescente;
    • histórico médico da família do adolescente;
    • medicamentos que estejam sendo usados ou que são utilizados com certa frequência;
    • hábitos de vida: higiene, sono, alimentação, escola, família, relacionamentos com os amigos;
    • alergias, vacinação e quaisquer outros assuntos que surjam no decorrer do atendimento.

    Esta parte da consulta é principalmente direcionada aos pais, embora o adolescente sempre possa emitir suas considerações sobre tudo que está sendo conversado. Em um determinado momento, o hebiatra pedirá para ficar algum tempo a sós com o adolescente. Não se preocupe, tudo acontece de forma natural e você será avisado sobre cada etapa da consulta.

    O Hebiatra, também conhecido como Médico de Adolescentes, especializou-se por 3 anos em Pediatria, e depois se subespecializou por mais 2 anos em Hebiatria (Medicina do Adolescente).

    Por que o tempo a sós com o adolescente é tão importante?

    Pais e adolescentes devem entender o raciocínio por trás desse modelo diferente de consulta: o pediatra construiu um relacionamento com você e seu filho, muitas vezes ao longo de toda a vida do jovem. Não importa a quantidade de tempo, todas as relações médico-paciente são construídas com base na confiança e no respeito mútuos. Os objetivos das relações de cuidados de saúde pediátricos, e agora hebiátricos, incluem orientar e proteger a saúde e o bem-estar de seu adolescente, mas também prepará-lo para navegar em uma vida adulta saudável.

    Conversando a sós com o adolescente, é possível preencher essa lacuna e abrir caminho para que seu adolescente entre com confiança e independência no mundo dos cuidados de saúde para adultos.

    Para muitas famílias, o maior desafio para os pais de adolescentes não é “fazer mais” por seus filhos, mas sim como “fazer menos”. Os pais devem saber que podem permitir que seus adolescentes tentem, falhem, aprendam e cresçam. Precisamos ensinar e preparar os adolescentes para a independência e as responsabilidades que terão pela frente, tanto na área da saúde quanto na vida em geral. Pais e hebiatras podem ser parceiros nesse esforço para ajudar os adolescentes a se manterem com sucesso por conta própria.

    Quando mudar do pediatra para o hebiatra

    Algumas perguntas que os pais costumam fazer

    Ainda assim, este modelo de atendimento hebiátrico é um grande passo. Compreensivelmente, como pais, você poderão ter algumas perguntas. Aqui estão algumas das perguntas que os pais geralmente fazem quando descobrem que o médico precisa passar algum tempo a sós com o adolescente.

    “Mas já é hora disso?”

    A resposta é… não necessariamente. O objetivo, no entanto, é começar a forjar um relacionamento mais adulto com seu filho antes que a adolescência esteja em pleno andamento. Com a maioria das famílias, a relação médico-paciente se concentrou principalmente nos pais e no pediatra. E certamente, nos primeiros anos, isso era completamente apropriado.

    No entanto, quando você considera que um dos objetivos da paternidade é preparar as crianças para se tornarem adultos competentes e independentes, os adolescentes precisam começar a abraçar e aceitar a responsabilidade por seus próprios cuidados de saúde. Uma razão para iniciar essa transição um pouco mais cedo é estimular esse senso de responsabilidade e confiança nos adolescentes para que cuidem de sua própria saúde.

    É comum, quando um médico faz perguntas diretas às crianças com seus pais na sala, como o que comeram no café da manhã, quando foi a última menstruação e como se saíram na escola neste semestre, elas inevitavelmente recorrem aos pais para obter respostas! Ao iniciar o processo um pouco mais cedo, as crianças tem mais chances de serem mais autoconfiantes e confortáveis ​​quando realmente precisarem responder a perguntas mais difíceis.

    “Eu não acho que meu filho vai gostar disso.”

    Os pais dizerem que não acham que seu filho ficará satisfeito por eles terem que sair da sala, é um grande sinal de que isso é exatamente o que o jovem mais precisa: desenvolver a capacidade de pensar de forma independente, comportar-se com responsabilidade, relacionar-se com adultos e manter uma conversa com um adulto.

    Se você suspeitar que isso vai acontecer, os hebiatras foram treinados para reconhecer sinais e sintomas de doenças e enfermidades, bem como sinais de doenças e disfunções mentais. Eles entendem o crescimento e o desenvolvimento e a aplicação disso à saúde da criança e do adolescente. Eles são defensores do bem-estar de crianças e adolescentes em todos os sentidos da palavra. Eles estão em uma posição única para fazer parceria com seu filho em relação à saúde dele. Este é o momento no desenvolvimento dos jovens em que formar um vínculo separado com seu médico pode ser benéfico para elas. Com seu apoio, seu filho pode ser gentilmente empurrado para se mover nessa direção.

    “Eles não são muito jovens?”

    Se uma criança ou adolescente é muito jovem para uma conversa independente com o médico depende do que acontece na visita. Se o médico estiver examinando uma menina de 12 anos que ainda não começou a menstruar, ele não discutirá se a menina é sexualmente ativa e como ela está garantindo sua segurança sexual. Mas essa idade não é muito jovem para começar a praticar comportamentos como um jovem adulto, para começar a aprender a expressar sentimentos e a pensar de forma independente sobre decisões de saúde, como escolher alimentos saudáveis. Este é um ótimo momento para os hebiatras se envolverem com seus pacientes e se tornarem defensores de cuidados de saúde confiáveis ​​para eles. À medida que seus filhos amadurecem, o escopo dos tópicos discutidos em uma visita ao pouco muda para se adequar ao estágio de desenvolvimento em que ele se encontra.

    “Mas por que precisa ser assim?”

    A questão de por que os médicos precisam conversar a sós com os pacientes adolescentes provavelmente decorre do medo por parte dos pais. Os anos da adolescência são a porta de entrada para a vida adulta, e com isso vem o desejo dos adolescentes de testar suas novas asas. Os adolescentes são naturalmente mais abertos sobre certos tópicos quando os pais não estão ouvindo, simplesmente porque eles podem não querer desapontá-los ou alarmar seus pais, mesmo que tudo o que eles tenham sejam perguntas.

    Às vezes, um adolescente pode ter uma situação muito estressante e séria em sua vida que precisa ser abordada e requer privacidade e confidencialidade. Essa garantia de tempo a sós com o hebiatra permitirá e tranquilizará o adolescente de que sempre haverá a oportunidade de discutir assuntos muito urgentes.

    “Você vai compartilhar esta informação privada e importante comigo?”

    A resposta curta e direta é NÃO. A lei atual rege os direitos de um menor à confidencialidade, e os hebiatras respeitam o direito do jovem à privacidade e a protegerão, exceto na circunstância em que um adolescente revele que está sendo ferido ou está procurando ferir a si mesmo ou aos outros. A legislação ampliou os direitos dos menores de tomar decisões sobre cuidados de saúde por si mesmos.

    Essas leis foram promulgadas para ajudar em situações em que a notificação de um dos pais representaria um obstáculo para que um adolescente recebesse os cuidados médicos necessários.

    Infelizmente, nem todas as famílias têm canais de comunicação saudáveis, abertos e que funcionam bem e, para essas famílias, é preciso haver um método para garantir que, quando necessário, o direito do jovem à privacidade tenha precedência sobre o direito dos pais de saber.

    Algumas situações mais graves podem ser motivo de quebra de sigilo. Alguns exemplos são:
    – Gravidez, Aborto;
    – Tratamento para AIDS;
    – Problemas de saúde mental graves;
    – Uso e abuso de de determinadas substâncias;
    – Violências de qualquer tipo: físicas, emocionais, psicológicas e sexuais (estupro, incesto ou abuso sexual);
    – Ideação suicida ou homicida.

    No entanto, um menor não tem acesso irrestrito aos cuidados de saúde. A doutrina do menor maduro fornece aos médicos algumas diretrizes gerais sobre quando eles podem fornecer tratamento médico com base no consentimento de um adolescente. (os estados variam sobre se isso é adotado como doutrina, mas os tribunais reconhecem o princípio.)

    A conclusão é que, se um adolescente estiver com problemas, os hebiatras farão o seguinte:
    – Avaliar as necessidades médicas e emocionais do adolescente.
    – Fazer recomendações sobre como incluir os pais, incluindo uma oferta para ser o elo de comunicação de saúde entre um pai e um adolescente.
    – Respeitar a vontade do adolescente se o hebiatra achar que há motivos para acreditar que os direitos do adolescente aos cuidados de saúde superam o direito dos pais de saber e o adolescente tem maturidade suficiente para apoiar essa decisão.

    Lembre-se

    Vocês trabalharam incansavelmente como pais para criar filhos que respeitem seus valores. Os pediatras sabem disso porque, em muitos casos, como pais, fizeram o mesmo.

    Entretanto, no final, são os jovens que tomarão decisões importantes sobre quais valores de sua família escolherão para si mesmas. O hebiatra, médico do seu adolescente, irá incentivá-lo a compartilhar importantes questões de saúde física e emocional com você. No entanto, haverá momentos em que um adolescente desejará que algo permaneça privado.

    Os hebiatras são parceiros nos cuidados de saúde de seu filho, e você pode contar com eles para ajudá-los em suas preocupações com a saúde.


    Referências Bibliográficas

    Suanne Kowal-Connelly, MD, FAAP. One-on-One Time with the Pediatrician.
    • Adaptado de HealthyChildren Magazine. 2021.

    • Dr. Marcelo Meirelles
    – Médico Pediatra
    – Médico Hebiatra (Especialista em Medicina do Adolescente)
    – Psiquiatria na Infância e Adolescência




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