Reincidência de gravidez na adolescência
Entre os numerosos fatores que ameaçam o sucesso das mães adolescentes e de seus filhos, o nascimento de um segundo filho nos primeiros dois anos pós-parto é importantíssimo. Há relatos de várias complicações, que vão desde o aumento da probabilidade de prematuridade até uma diminuição da probabilidade de conclusão do ensino médio e autossuficiência econômica.
A maioria das novas mães adolescentes têm aspirações para seu futuro que são incompatíveis com uma segunda gravidez muito próxima, e desejam evitar a concepção, começando a usar anticoncepcionais após o parto. No entanto, essa vigilância contraceptiva intensificada tende a diminuir rapidamente nos ambientes da vida diária que favoreceram a primeira gravidez. Como resultado, a taxa de reincidência de gravidez é em média de 5% em 6 meses após o parto, aumentando exponencialmente para 20-25% cem 12 meses após o parto, e para 30-35% em 24 meses após o parto.
Mesmo entre mães adolescentes inseridas em programas abrangentes e multidisciplinares que fornecem acesso a anticoncepcionais e promovem seu uso, o risco de reincidência é tão alto durante os primeiros 6 meses pós-parto quanto o de uma primeira gravidez na população adolescente como um todo.
Como a maioria das gestações reincidentes ocorrem durante os 5 anos após a primeira, os anticoncepcionais de ação prolongada são uma solução atraente de curto prazo. Esses agentes fornecem uma janela de oportunidade única durante a qual as adolescentes podem ser ajudadas a desenvolver motivos pessoais para não engravidarem.
Convencer as mães adolescentes de que ter vários filhos próximos não resolverá a infinidade de problemas que a discriminação e a privação social criam em suas vidas é uma tarefa difícil que pode ser realizada dentro do contexto de relacionamentos fortes e duradouros estabelecidos com a equipe de saúde. Para ser o mais eficaz possível, o aconselhamento deve ser iniciado durante a primeira gravidez e fazer parte de todas as consultas pré e pós-natal. As adolescentes não devem deixar a unidade pós-parto sem suprimentos anticoncepcionais, pois a maioria retoma a atividade sexual logo após o parto.
Programas de atendimento médico aos pais e mães adolescentes e seus filhos foram desenvolvidos para atender a essa necessidade e dar aos adolescentes o incentivo de que precisam para perseguir objetivos que os façam querer usar os anticoncepcionais que recebem para adiar a gravidez para além da adolescência.
• Dr. Marcelo Meirelles
– Médico Pediatra
– Médico Hebiatra (Especialista em Medicina do Adolescente)
– Psiquiatria na Infância e Adolescência