3. Clampeamento do Cordão
O clampeamento tardio de cordão umbilical tem definição variável na literatura, com um mínimo de 60 segundos até alguns minutos após cessar sua pulsação. Estudos indicam que:
▪ facilita a transição cardiorrespiratória após o parto;
▪ é benéfico em relação à concentração de hemoglobina nas primeiras 24 horas (embora possa elevar a frequência de policitemia, com necessidade de cuidado quanto ao aparecimento e acompanhamento da icterícia nos primeiros dias de vida);
▪ aumenta a concentração de ferritina nos primeiros 3 a 6 meses, podendo reduzir a anemia do lactente, com repercussões no desenvolvimento infantil.
No RN com boa vitalidade, recomenda-se clampear o cordão no mínimo 60 segundos após o nascimento. Enquanto aguarda-se para clampear e cortar o cordão, o neonato pode ser posicionado no abdome ou tórax materno, tomando-se cuidado para evitar a perda da temperatura corporal.
Em RN que não começa a respirar logo após o nascimento, o clampeamento tardio do cordão retarda o início dos procedimentos de reanimação, em especial da VPP. Não existem evidências de benefícios do clampeamento tardio nessa situação. No RN que não está com boa vitalidade ao nascer, fazer o estímulo tátil no dorso, de modo delicado e no máximo duas vezes, para ajudar a iniciar a respiração antes do clampeamento imediato do cordão.
* Estudos sugerem que o clampeamento do cordão após o início da respiração é importante para que a transição da circulação fetal para a neonatal ocorra de maneira adequada. Quando o clampeamento é feito antes do início da respiração, o enchimento das câmaras esquerdas do coração não é feito pela circulação placentária e tampouco pela circulação proveniente dos pulmões, uma vez que a resistência vascular pulmonar ainda é elevada.
* Vale lembrar que, no RN sem boa vitalidade, a realização de procedimentos de reanimação com o cordão intacto está restrita ao ambiente de pesquisa.
Quanto à ordenha de cordão em RN ≥ 34 semanas, estudos com um pequeno número de pacientes com boa vitalidade ao nascer indicam haver melhora da hemoglobina e hematócrito após o nascimento, comparado ao clampeamento imediato. Entretanto, não se sabe se a ordenha facilita a transição cardiovascular pós-natal e a segurança do procedimento não foi avaliada. Desse modo, as evidências existentes são insuficientes para recomendar a ordenha de cordão em RN ≥ 34 semanas, tanto naqueles com boa vitalidade quanto nos que não respiram ou se apresentam hipotônicos ao nascer.
O manejo do cordão umbilical em situações especiais, como em parturientes vivendo com HIV e naquelas portadoras de aloimu-nização, entre outras, é discutido no documento específico do PRN-SBP e da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia.