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Reanimação do Recém-nascido ≥ 34 Semanas em Sala de Parto (Ciclo de 2022 a 2026)




    Reanimação do Recém-nascido ≥ 34 Semanas em Sala de Parto (Ciclo de 2022 a 2026)

    2. Briefing

    O briefing consiste em uma rápida reunião entre os membros da equipe para planejar o atendimento neonatal, antes do nascimento. A divisão de tarefas e responsabilidades de cada membro da equipe, com a definição de quem será o líder antes do nascimento, permite a atuação coordenada e a comunicação efetiva em alça fechada, o que confere um atendimento com qualidade e segurança ao RN.

    2.1. Equipe de Assistência

    É primordial contar com profissionais de saúde treinados para recepcionar o RN, ajudar na transição ao ambiente extrauterino e, sempre que necessário, realizar a reanimação neonatal.

    Considerando-se a frequência com que RNs precisam de algum procedimento de reanimação e a rapidez com que tais manobras devem ser iniciadas, é fundamental que pelo menos um profissional de saúde capaz de realizar os passos iniciais e a VPP por meio de máscara facial esteja presente em todo parto. A única responsabilidade desse profissional deve ser o atendimento ao RN.

    Quando, na anamnese, identificam-se fatores de risco perinatais (Tabela 1), podem ser necessários 2-3 profissionais treinados e capacitados a reanimar o RN de maneira rápida e efetiva. Desse grupo de profissionais, pelo menos um médico apto a intubar e indicar massagem cardíaca e medicações precisa estar presente na sala de parto. Tal médico deve ser de preferência um pedia-tra. No caso de gemelares, deve-se dispor de material e equipe próprios para cada criança.

    A primeira ação da equipe que irá cuidar do RN é realizar o briefing, que inclui anamnese materna, preparo do ambiente e do material para uso imediato na sala de parto e divisão das funções de cada mem-bro da equipe, deixando claro a quem caberá o papel de liderança dos procedimentos de reanimação.

    Algumas vezes, um parto de baixo risco resulta no nascimento de um paciente que precisa de manobras de reanimação e, por isso, recomenda-se que esteja disponível uma equipe apta a realizar todos os procedimentos da reanimação neonatal em cada nascimento. A SBP recomenda a presença do pediatra em todo nascimento.

    Vale lembrar que tem sido atribuída importância crescente ao trabalho em equipe e ao desempenho comportamental dos seus membros no cuidado ao RN que precisa de ajuda para fazer a transição cardiorrespiratória ao nascer.

    A conversa prévia da equipe com a parturiente e seus familiares é essencial a fim de estabelecer um vínculo de respeito e confi-ança, facilitando a comunicação sobre as condições do bebê após o nascimento.

    2.2. Anamnese

    No briefing, a anamnese cuidadosa é fundamental para detectar a presença de condições perinatais associadas à possibilidade de o RN precisar de ajuda para fazer a transição respiratória e cardiocirculatória ao nascer (Tabela 1).

    Tabela 1. Condições associadas à necessidade de reanimação ao nascer
    Fatores Antenatais Fatores Relacionados ao Parto
    ▪ Idade materna < 16 anos ou > 35 anos
    ▪ Idade gestacional < 39 semanas ou > 41 semanas
    ▪ Diabetes
    ▪ Gestação múltipla
    ▪ Síndromes hipertensivas
    ▪ Rotura prematura das membranas
    ▪ Doenças maternas
    ▪ Polidrâmnio ou oligoâmnio
    ▪ Infecção materna
    ▪ Diminuição da atividade fetal
    ▪ Aloimunização ou anemia fetal
    ▪ Sangramento no 2º ou no 3º trimestre
    ▪ Uso de medicações
    ▪ Discrepância de idade gestacional e peso
    ▪ Uso de drogas ilícitas
    ▪ Hidropisia fetal1
    ▪ Óbito fetal ou neonatal anterior
    ▪ Malformação fetal
    ▪ Ausência de cuidado pré-natal
    ▪ Padrão anormal de frequência cardíaca fetal
    ▪ Cesariana
    ▪ Anestesia geral
    ▪ Uso de fórcipe ou extração a vácuo
    ▪ Hipertonia uterina
    ▪ Apresentação não cefálica
    ▪ Líquido amniótico meconial
    ▪ Trabalho de parto prematuro
    ▪ Prolapso ou rotura de cordão
    ▪ Parto taquitócico2
    ▪ Nó verdadeiro de cordão
    ▪ Corioamnionite
    ▪ Uso de opioides nas 4 horas anteriores ao parto
    ▪ Rotura de membranas > 18 horas
    ▪ Placenta prévia
    ▪ Descolamento prematuro da placenta
    ▪ Trabalho de parto > 24 horas
    ▪ Segundo estágio do parto > 2 horas3
    ▪ Sangramento intraparto significante
    1 Hidropisia é a entidade clínica caracterizada pelo acúmulo anormal de líquido no espaço extravascular e em cavidades corporais fetais como o peritônio, pleura e pericárdio, poden-do ocasionar anasarca. O diagnóstico habitualmente é realizado durante o acompanhamento pré-natal pelo exame de ultrassonografia, que revela alterações como polidrâmnio, ascite, derrame pleural e/ou pericárdico e edema de partes moles fetais maior. Classicamente é categorizada em imune, quando há isoimunização Rh, ou não imune, quando outras entidades clínicas, que não a incompatibilidade de grupo sanguíneo, produzem hidropisia.
    2 Parto taquitócito é aquele com período entre o começo da fase ativa e da expulsão fetal < 4h. Principal causa: uso iatrogênico de ocitocina, gerando taquissistolia. É fator de risco para hemorragia puerperal.
    3 São quatro os períodos do trabalho de parto: dilatação; expulsão; dequitação; Greemberg ou 4°período.

    2.3. Material para Reanimação

    Ainda no briefing, todo material necessário para a reanimação deve ser preparado, testado e estar disponível em local de fácil acesso, antes do nascimento, incluindo equipamentos e material para avaliação do paciente, manutenção da temperatura, aspiração de vias aéreas, ventilação e administração de medicações (Tabela 2).

    Esse preparo inclui o cuidado com o ambiente e a verificação da temperatura de 23-25°C da sala de parto. Logo após o nascimento, a equipe deve ficar voltada exclusivamente aos cuidados do RN, sem perder tempo ou dispersar a atenção com a busca e/ou o ajuste do material. É preciso verificar de modo sistemático e padronizado todo material que pode ser necessário antes de cada nascimento (Tabela 3).

    Para a recepção do RN, utilizar as precauções-padrão que compreendem a higienização correta das mãos e o uso de luvas, aventais, máscaras ou proteção facial para evitar o contato do profissional com materiais do paciente como sangue, líquidos corporais, secreções e excretas, pele não intacta e mucosas. No caso de assistência ao RN na sala de parto de mãe com Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) suspeita ou confirmada, as recomendações quanto ao uso de equipamentos de proteção individual encontram-se em documento específico do PRN-SBP.

    Tabela 2. Material necessário para reanimação neonatal na sala de parto
    Sala de parto e/ou de reanimação com temperatura ambiente de 23-25°C Material para manutenção de temperatura
    ◯ mesa de reanimação com acesso por 3 lados
    ◯ fonte de oxigênio umidificado com fluxômetro e fonte de ar comprimido
    ◯ blender para mistura oxigênio/ar
    ◯ aspirador a vácuo com manômetro
    ◯ relógio de parede com ponteiro de segundos
    ◯ fonte de calor radiante
    ◯ termômetro ambiente digital
    ◯ campo cirúrgico e compressas de algodão estéreis
    ◯ saco de polietileno de 30×50 cm para prematuro
    ◯ touca de lã ou algodão
    ◯ colchão térmico químico 25×40 cm para prematuro < 1.000 g
    ◯ termômetro clínico digital
    Material para avaliação Material para aspiração
    ◯ estetoscópio neonatal
    ◯ oxímetro de pulso com sensor neonatal
    ◯ monitor cardíaco de 3 vias com eletrodos
    ◯ bandagem elástica para fixar sensor do oxímetro e os eletrodos
    ◯ sondas: traqueais (n° 6 e 8) e gástricas curtas (n° 6 e 8)
    ◯ conexão de látex ou silicone para conectar sonda ao aspirador
    ◯ dispositivo para aspiração de mecônio
    ◯ seringas de 10 mL
    Material para ventilação Material para intubação traqueal
    ◯ reanimador manual neonatal (balão auto inflável com volume ao redor de 240 mL,
    reservatório de O2 e válvula de escape com limite de 30-40 cmH2O e/ou manômetro)
    ◯ ventilador mecânico manual com peça T com circuitos próprios
    ◯ máscaras redondas com coxim para RN de termo, prematuro e prematuro extremo
    ◯ máscara laríngea para recém-nascido (n° 1)
    ◯ laringoscópio infantil com lâmina reta (n° 00, 0 e 1)
    ◯ cânulas traqueais sem balonete, de diâmetro interno uniforme (n° 2,5, 3,0, 3,5 e 4,0 mm)
    ◯ material para fixação da cânula: fita adesiva e algodão com SF 0,9%
    ◯ pilhas e lâmpadas sobressalentes para laringoscópio
    ◯ detector colorimétrico de CO2 expirado
    Medicações Material para cateterismo umbilical
    ◯ adrenalina diluída a 1 mg / 10 mL em seringa de 5,0 mL para administração única endotraqueal
    ◯ adrenalina diluída a 1 mg / 10 mL em seringa de 1,0 mL para administração endovenosa
    ◯ expansor de volume (SF 0,9%) em 2 seringas de 20 mL
    ◯ campo fenestrado esterilizado, cadarço de algodão e gaze
    ◯ pinça tipo Kelly reta de 14 cm e cabo de bisturi com lâmina n° 21
    ◯ porta agulha de 11 cm e fio agulhado mononylon 4.0
    ◯ cateter umbilical 3,5F e 5F de PVC ou poliuretano de lúmen único
    ◯ torneira de 3 vias e seringa de 10 mL
    ◯ soro fisiológico 0,9% para preencher o cateter antes de sua inserção
    Outros  
    ◯ luvas e óculos de proteção individual para os profissionais de saúde
    ◯ gazes esterilizadas e álcool etílico/solução antisséptica
    ◯ cabo e lâmina de bisturi
    ◯ tesoura de ponta romba e clampeador de cordão umbilical
    ◯ agulhas para preparo da medicação
    Tabela 3. Check List do material necessário em cada mesa de reanimação neonatal
    VERIFICAR O MATERIAL ANTES DE CADA NASCIMENTO
    ◯ Mesa com acesso por 3 lados com fonte de calor radiante
    ◯ Fonte de oxigênio umidificado com fluxômetro e mangueira de látex (para o balão)
    ◯ Fonte de oxigênio com fluxômetro e espigão verde (para ventilador manual em T)
    ◯ Fonte de ar comprimido com mangueira amarela
    ◯ Aspirador a vácuo com manômetro e mangueira de látex
    ◯ Relógio de parede com ponteiro de segundos
    MANUTENÇÃO DA TEMPERATURA
    Temperatura da sala de parto _____ °C e da sala de reanimação _____ °C
    ◯ 1 campo cirúrgico e 1 pacote de compressas de algodão estéreis
    ◯ 1 saco de polietileno de 30×50 cm (reservar triângulo para touca plástica após corte)
    ◯ 1 touca de lã ou algodão
    ◯ 1 colchão térmico químico
    ◯ 1 termômetro digital clínico
    AVALIAÇÃO DO RN
    ◯ 1 estetoscópio neonatal
    ◯ 1 oxímetro de pulso com sensor neonatal e bandagem elástica
    ◯ 1 monitor cardíaco de 3 vias com eletrodos e bandagem elástica
    ASPIRAÇÃO
    ◯ 1 dispositivo transparente para aspiração de mecônio
    ◯ 1 sonda traqueal sem válvula de cada tamanho (n° 6 e 8)
    ◯ 2 seringas de 10 mL
    VENTILAÇÃO E OXIGENAÇÃO
    ◯ Balão autoinflável com válvula de segurança a 40 cmH2O e reservatório de O2
    ◯ Ventilador manual em T com circuito completo (mangueira e tubo corrugado com peça T)
    ◯ Blender para mistura oxigênio/ar
    ◯ 1 máscara redonda com coxim de cada tamanho (termo, prematuro e prematuro extremo)
    ◯ 1 máscara laríngea n° 1
    INTUBAÇÃO TRAQUEAL
    ◯ 1 laringoscópio infantil com lâminas retas de cada tamanho (n° 00, 0 e 1)
    ◯ 1 fio-guia para intubação
    ◯ Cânulas traqueais sem balonete, 2 de cada tamanho (n° 2,5, 3,0, 3,5 e 4,0 mm)
    ◯ 3 fitas adesivas para fixação da cânula preparadas para uso
    ◯ 2 pilhas AA e 1 lâmpada sobressalente
    MEDICAÇÕES
    ◯ Adrenalina diluída a 1mg / 10mL em SF 0,9% – seringas identificadas 1mL (EV), 5 mL (ET) e 10mL
    ◯ 2 ampolas de adrenalina 1mg / mL; 5 flaconetes SF 0,9% de 10 mL; 1 frasco SF 0,9% de 250 mL
    ◯ 2 seringas de 1 mL, 5 mL, 10 mL e 20 mL; 5 agulhas
    ◯ 1 torneira de 3 vias
    ◯ Bandeja com material estéril para cateterismo umbilical e cateteres n° 3,5F e 5F
    OUTROS MATERIAIS
    ◯ Tesoura, bisturi, clampeador de cordão umbilical, álcool etílico/solução antisséptica, gaze de algodão
    TRANSPORTE
    Temperatura da incubadora _____ °C
    ◯ Incubadora ligada na rede elétrica
    ◯ Luz acesa da bateria incubadora
    ◯ Ventilador em T com blender
    ◯ Oxímetro de pulso ligado na rede elétrica
    ◯ Luz acesa da bateria do oxímetro
    ◯ Torpedo O2 > 50 kgf/cm2 e fluxômetro
    ◯ Torpedo de ar comprimido > 50 kgf/cm2
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