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Miliária: Entenda Causas, Sintomas e Tratamentos Efetivos para Brotoejas




    3. Etiopatogenia

    A miliária é uma doença cutânea comum e transitória causada pelo bloqueio do ducto sudoríparo écrino. A oclusão e/ou inflamação do ducto sudoríparo écrino são a causa de todos os tipos de miliária.

    Acredita-se que a hiperidratação dos corneócitos (queratinócitos mortos) faça com que eles inchem e bloqueiem o ducto. Células da pele e outros detritos também podem bloquear o ducto. O envolvimento mais profundo do ducto e da glândula pode causar inflamação e ruptura.

    A miliária pode ocorrer em crianças e adultos. A miliária é mais comumente observada no período neonatal e em ambientes quentes. Os neonatos são particularmente suscetíveis, principalmente à miliária cristalina e à miliária rubra. Postulou-se que isso se deve ao subdesenvolvimento e / ou patência retardada do ducto sudoríparo écrino após o nascimento.

    Qualquer coisa que cause suor pode causar miliária em bebês, crianças e adultos. A miliária também pode ocorrer em associação com febre.

    Causas comuns de miliária
    Causa Observação
    Ambientes quentes e úmidos ▪ são causas particularmente comuns, especialmente logo após a mudança para um clima tropical; a condição geralmente se resolve com a aclimatação.
    Atividade física extenuante  
    Doença febril  
    Oclusão da pele ▪ com roupas não porosas ou bandagens, assim como adesivos de medicamentos transdérmicos.
    Medicamentos ▪ miliária cristalina ocorreu com medicamentos que afetam o epitélio folicular, particularmente a isotretinoína;
    ▪ foi relatada miliária cristalina após quimioterapia, particularmente em pacientes com neutropenia febril;
    ▪ postula-se que a inervação do ducto sudoríparo écrino pode desempenhar um papel na indução da sudorese e no desenvolvimento da miliária; a sudorese está sob o controle do sistema autônomo simpático, mas o neuro-transmissor pós-sináptico é a acetilcolina; foi demonstrado que o suor é inibido por agentes anticolinérgicos e estimulado por medicamentos colinérgicos;
    ▪ miliária foi relatada em pacientes tratados com medicamentos alfa-simpaticomiméticos como a clonidina, e em pacientes tratados com opiáceos, betabloqueadores, atropina, betanecol, e outros medicamentos que influenciam os sistemas simpático ou colinérgico.
    Doenças cutâneas que perturbam a epiderme ▪ miliária cristalina após síndrome da pele escaldada estafilocócica, síndrome de Stevens-Johnson e necrólise epidérmica tóxica foram relatadas.
    Distúrbios associados ao aumento de sal no suor ▪ miliária cristalina ocorreu em pacientes com hipernatremia, mas sem febre; acredita-se que a dessecação direta do corneócito pelo excesso de sódio seja a causa;
    ▪ miliária rubra foi relatada no pseudo-hipoaldosteronismo tipo I, no qual foi observado aumento da concentração de sal no suor écrino.
    Radiação ultravioleta ou ionizante ▪ a exposição ultravioleta pode perturbar o ducto e tem sido associada à miliária cristalina; também foi relatado que a radioterapia precipita miliária.
    Flora cutânea ▪ bactérias, particularmente estafilococos, foram encontradas em lesões de miliária, e o tratamento com antibióticos tem sido útil na prevenção da miliária induzida experimentalmente;
    ▪ o material positivo para ácido periódico de Schiff em amostras patológicas de miliária rubra é relatado como uma substância polissacarídica extracelular produzida por Staphylococcus epidermidis;
    Staphylococcus, Candida e outras floras cutâneas foram implicadas na patogênese da miliária pustulosa, uma variante da miliária rubra.
    Maceração da pele ▪ miliária rubra ocorreu em associação com a maceração da pele, especialmente da parte inferior das pernas, ao vadear na água;
    ▪ miliária localizada na ponte nasal, relacionada ao uso de máscara respiratória, foi relatada em profissionais de saúde.
    Doenças genéticas ▪ Síndrome de Morvan: é uma doença autossômica recessiva rara caracterizada por hiperidrose, que pode causar miliária; dor, neuromiotonia, perda de peso, insônia e alucinações também ocorrem nesta síndrome.
    ▪ Pseudo-hipoaldosteronismo (PHA) tipo I: é um grupo raro de distúrbios perdedores de sal caracterizados pela resistência à aldosterona. A PHA tipo I é geralmente diagnosticada no período neonatal com hiponatremia, hi-percalemia e acidose metabólica. Os sintomas cutâneos podem incluir miliária rubra, foliculite e dermatite atópica.

    3.1. Histologia

    Os achados histopatológicos na miliária refletem a profundidade da oclusão do ducto sudoríparo.

    ▪ Miliária cristalina:
    ▫ vesícula intracorneal ou subcorneal dentro do acrossiríngeo do ducto sudoríparo;
    ▫ pode-se observar infiltrado neutrofílico esparso.

    ▪ Miliária rubra:
    ▫ vesículas espongióticas (formadas devido ao processo de espongiose, que é o edema intercelular na epiderme, levando ao afastamento das células da pele e à formação de vesículas cheias de líquido) na epiderme que se comunicam com o ducto sudoríparo;
    ▫ a inflamação circundante é predominantemente linfocítica na derme e nos tecidos periductais;
    ▫ frequentemente, há um molde resistente à diástase e positivo para ácido periódico de Schiff dentro do ducto écrino;
    ▫ bactérias também são frequentemente observadas;
    ▫ na miliária pustulosa, predominam neutrófilos na vesícula de retenção do suor.

    ▪ Miliária profunda:
    ▫ achados histológicos semelhantes aos da miliária rubra, juntamente com ruptura do ducto intradérmico, infiltrados linfocíticos significativos e espongiose da porção intraepidérmica do ducto.

    Camadas da Pele

    3.2. História natural

    ▪ A miliária cristalina é autolimitada e assintomática.

    ▪ A miliária rubra tende a desaparecer com a remoção da causa (aclimatação, recuperação da doença, remoção de roupas oclusi-vas), mas pode recorrer. Episódios recorrentes podem resultar em miliária profunda e anidrose.

    ▪ Embora seja provável que a miliária profunda se resolva sem tratamento, podem ocorrer danos duradouros à glândula sudorípa-ra. Quando o dano à glândula sudorípara causado pela miliária profunda ou miliária rubra é grave, a anidrose pode se desenvol-ver nas áreas afetadas, resultando em hipertermia, hiperidrose compensatória e morbidades relacionadas ao calor.

    ▪ Postula-se que a miliária subclínica é um passo inicial no desenvolvimento da dermatite atópica. No entanto, isso é controverso.

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